Cais do Porto, Lituânia, 1989
Foi essa a última imagem que teve de sua terra natal antes que o horizonte do mar Adriático tomasse conta de toda a paisagem.
"Aqui começou e aqui termina a minha vida na Lituânia" - pensou.
Como era um prisioneiro sendo extraditado de seu próprio país, ele não tinha muito conforto no navio. Na verdade, conforto algum. E ainda precisava trabalhar durante o percurso: descascando batatas, lavando latrinas ou esfregando o chão do convés.
"Igualzinho aos filmes", lembrou irônico.
A viagem demoraria cerca de 7 semanas, pois tinha várias escalas. Cada porto que parava, mais uma dúzia de mal-feitores entrava. Parecia que a Europa estava expurgando todos os seus males e enviando para o Brasil. Hoje a colônia que outrora abrigou esses personagens cresceu e se transformou em um bairro popular, chamado Jardim Paraíso.
E assim, a jornada, que parecia ruim, ficava ainda pior com o acúmulo de prisioneiros que entrava em cada parada. Não tardou a terem surtos de piolhos, diarréia e crista de galo entre os passageiros. "Passa água de bateria que sai." - um deles comentou.
No entanto, a penúltima escala na Europa marcou a vida de Tocha para sempre. O navio acabava de atracar no porto de Tirana, a capital da Albânia.
Preciso comentar quem ele conheceu lá??
... continua ...
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