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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Cinderela - Cáp. VI

Claudete amanheceu antes mesmo da manhã, tamanha a ansiedade. Colocou a sua roupa da sorte: uma calcinha que usou no Reveillon de Paquetá, 5 anos atrás, e foi pra rua, procurar o apontador de jogo do bicho que dava expediente na saída do colégio das freiras. "Aqui estou perto de Deus e do bolso dos homens" - filosofava o velho que cuidava do ponto.
- Pronto, seu, Andrade. Esse é o meu jogo! - e entregou os números para o senhor quase cego, mas com um olhar muito vivo, que Claudete conhecia desde criança.
- Vais de borboleta, minha filha. Muito sagaz: uma lagarta, que um dia desabrocha. Boa escolha.
- Eu sei, seu Andrade, eu sei ! Quero apostar 300 cruzeiros na vassourinha.
- Muito bem, Claudete. Toma o teu bilhete. - e a mão cheia de veias azuis entregou para Claudete mais do que um papel de aposta. A velha mão estava lhe oferecendo um futuro. Um futuro longe do sobrado das Peçanha, das peçonhentas patroas de Claudete.
- É hoje que eu tiro a barriga da miséria. - sonhou.
Com passo célere e coração apressado, Claudete voa para a casa das velhas com um só pensamento na cabeça: o resultado das 14 horas.
O tempo pareceu se arrastar pela manhã. Justo naquele dia, as velhas dormiram até mais tarde e Claudete não tinha muito o que fazer. Os minutos teimavam em não passar.
- Ai meu Deus! Ai meu Deus !
Mas, mesmo para os mais pobres, a hora um dia chega. E chegou: 14 horas em ponto. Hora de ligar na Radio Nacional.
- E agora, meus senhores e minhas senhoras - irradiava o locutor vespertino. - o páreo das 14 horas.
Com os números na mão, Claudete ia repassando número a número, contando cada algarismo. Calculando cada possibilidade.
- Só falta o 14. Só falta o 14.
Como que em um passe de mágica, com os números soprados no ouvido por uma velha cigana, Claudete ouviu o gloriso e desejado destino bater à porta do número 6 da rua da Assembléia.
- Quatorze.
0 locutor, da velha escola, fez questão de soletrar o número com toda a declinação de sua trema inexistente, com se o mesmo fosse um quatro metido à besta.
- Qua...torze... - sentenciou o radialista.
No instante que ouviu esse número, Claudete pensou se não estaria sonhando. Mas não estava. O sonho era real. Ela ganhara no jogo do bicho. O primeiro prêmio. Quase dez mil cruzeiros. O dinheiro de quase um ano de trabalho.
- Ai meu Deus. Ai meu Deus. - repetia exaustivamente, enquanto se abanava com o bilhete premiado.
O bilhete !!!
- Tenho que descontar isso agora. Antes que alguém me roube. E depois construir minha vida. - considerou preocupada.
Ao mesmo tempo, lembrava das palavras da errante cigana:
- "Um dia, minha filha, o cavalo passa encilhado na tua frente. Cabe à ti montá-lo".
Claudete respirou forte, ajeitou o coque, apertou a saia na frente do espelho e discursou pra si mesma:
- Vou montar é agora !! - e saiu batendo à porta às suas costas. Antes de fechar, ouviu a voz rouca de Nair, perguntando:
- Onde vais, Claudete ?
- Nas Lojas Pernambucanas. - respondeu, com um sorriso iniciado no rosto.

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